sexta-feira, 12 de junho de 2015

Arte e Tecnologia: novas experiências

O termo tecnologia vem da palavra técnica que, por sua vez, deriva do grego techné, cuja tradução, veja só, é ARTE! Ou seja, arte e tecnologia são coisas interligadas desde a origem. Engana-se assim quem acha que tecnologia só tem a ver com aparelhos eletrônicos. Ela está além disso, assim como arte está além de pinturas clássicas. 

Tecnologia é basicamente o uso do raciocínio colocado em prática. E o que é a arte senão uma prática? Embora arte possa ser tantas outras coisas, o dicionário Michaelis, a define como a execução prática de uma ideia. Os produtos da fusão de arte e tecnologia são enriquecedores para o ser humano e a cultura. Essa mistura propicia novas possibilidades, a principal característica da arte pós-moderna é nitidamente a hibridez, a reapropriação através de novas técnicas. Tanto arte quando tecnologia se baseiam em reinvenção.

A fotografia, o cinema e a televisão causaram um boom cultural em todo o mundo. Isso gerou maior circulação de informações através do suporte de produtos artísticos que alcançavam e ainda alcançam milhares de pessoas pelo encantamento. "A arte na era eletrônica vai abusar da interatividade, das possibilidades hipertextuais, das colagens de informações, dos processos fractais e complexos, da não-linearidade do discurso... A ideia de rede aliada à possibilidade de recombinações sucessivas de informações e a uma comunicação interativa, tornam-se os mentores principais dessa ciber-arte. A arte eletrônica é uma arte da comunicação." (André Lemos)

No último domingo (7), a cantora islandesa Bjork lançou um videoclipe inovador da música "Stonemilker", que proporciona ao expectador uma visão da câmera em 360º. O clipe foi exibido inicialmente no MoMa - Museu de Arte Moderna de Nova York - com a tecnologia de Óculos Rift, que só deverá ser lançada para consumidores em 2016, possibilitando uma experiência quase de vivência do momento tristonho na praia nublada de Bjork. O mais interessante é que o Youtube fez uma adaptação que permite mover a câmera com o cursor ou pelas setas no canto superior do vídeo. Experimente:


Bjork é um dos principais símbolos da estética de vanguarda hoje. Esse clipe explora a interatividade, incita a colaboração do receptor, possibilita um experiência nova. "A arte virtualiza as virtualizações, tentando saída de situações limitadas a um aqui e agora físicos e/ou simbólicos (...). Toda arte é virtualização de uma virtualização, já que ela procura trazer ao sensível problematizações do real e alargar os limites do possível". (André Lemos)

Assim como a fotografia, que enfrentou resistência na época do seu surgimento, as novas mídias também estão preocupando alguns artistas. O aplicativo Instagram, por exemplo, que permite postar imagens e vídeos com filtros e compartilhá-los com o mundo todo tem intrigado alguns fotógrafos profissionais. Muitos usuários do aplicativo têm sido reduzidos ao termo "fotógrafos de instagram", uma maneira pejorativa que desqualifica o direito à livre expressão do outro.  Para os fotógrafos profissionais mais conservadores, os "fotógrafos de instagram" são pseudo-fotógrafos.

Existem grandes vantagens na tecnologia disponível hoje e os próprios museus já notaram e andam se aproveitando disto. Tanto é que grandes museus como o MoMa, o Tate Gallery, The New Museum, Museum of Sex possuem contas no Instagram. Basta clicar sobre o nome deles para ser direcionado às páginas. Mas é claro que eles não mostram tudo, afinal, a visita pessoal aos museus proporciona uma sensação diferente e, quem sabe, mais rica, mais arrebatadora.

A Google criou uma ferramenta online chamada Google Art Project, que disponibiliza diversas coleções de arte de museus do mundo todo em imagens de alta resolução com informações acerca delas. Isso é grandioso se considerarmos o fato de que muitas pessoas poderão ter acesso à essas obras de forma gratuita, afinal viajar para vê-las é realmente dispendioso para a grande maioria. A plataforma é excelente e torna a experiência quase tão boa quanto visitá-las pessoalmente. Walter Benjamin tinha uma visão democrática sobre a arte, embora a reprodutibilidade técnica tenha facilitado a perda da aura, ele acreditava nela como instrumento de iluminação e esclarecimento da sociedade. Ou seja, surge aí uma nova lógica cultural a partir do uso mais intenso da tecnologia, lógica essa que disponibiliza a arte para um maior número de pessoas.